Pnad Educação: 8,7 milhões de jovens brasileiros abandonaram ou nunca frequentaram a escola

Por Comunicação

17.06.2025 | Atualizado: 17.06.2025
Pnad Educação: 8,7 milhões de jovens brasileiros abandonaram ou nunca frequentaram a escola

Segundo os dados do IBGE, o atraso, abandono e a evasão escolar seguem sendo desafios importantes para o país na área da Educação; trabalho, falta de interesse e gravidez afastam os jovens da escola

O acesso de crianças e adolescentes à escola no Brasil avançou, mas sem atingir as metas para alguns indicadores definidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Esse é o resumo do módulo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Educação divulgado, no dia 13 de junho de 2025, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Segundo os dados do IBGE, o atraso, abandono e a evasão escolar seguem sendo desafios importantes para o país na área da Educação, reforçando a necessidade de estados e municípios terem uma ação direta e intencional ao problema. Para enfrentar essa realidade e garantir que crianças e adolescentes tenham seu direito à Educação garantido, são necessários o engajamento da população e uma articulação intersetorial entre as políticas públicas, princípios que norteiam o trabalho da Busca Ativa Escolar. 

A estratégia combina uma metodologia social com uma plataforma tecnológica, facilitando a identificação, registro e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de abandono, pelos estados e municípios. Por meio do trabalho intersetorial entre várias secretarias e órgãos públicos, a estratégia já garantiu, em oito anos, a (re)matrícula de aproximadamente 300 mil crianças e adolescentes e também o seu encaminhamento aos diversos serviços públicos. Já a plataforma da estratégia permite o registro dos dados dos casos atendidos, apoiando os gestores para planejar e implementar políticas mais eficazes e direcionadas às necessidades de cada território. 

Vale destacar ainda que, atualmente, a BAE pode ser implementada por estados e municípios, abrangendo toda a educação básica e podendo ser alinhada a programas de transferência de renda e incentivo à permanência e frequência escolar, como o Bolsa Família e o Pé-de-Meia. 

Diante do cenário mapeado pela Pnad Contínua Educação, a Busca Ativa Escolar segue sendo um instrumento essencial para o Brasil cumprir com as metas da LDB e do PNE. Essa é a missão e o compromisso da estratégia, que possui metodologia e tecnologia que podem mudar a vida de meninos e meninas que são afetados pelo atraso, o abandono e a evasão escolar. É um trabalho que não termina quando o(a) estudante retorna à escola, pois o objetivo principal da BAE é fazer com que crianças e adolescentes tenham todas as suas necessidades supridas para, assim, permanecer no ambiente escolar aprendendo e progredindo em sua formação.

Confira a realidade mapeada pelo IBGE com relação ao abandono e à evasão escolar:

Abandono escolar

Entre os adolescentes e jovens de 14 a 29 anos do país, 8,7 milhões não haviam completado o ensino médio em 2024, por terem abandonado a escola sem concluir essa etapa ou por nunca a terem frequentado. Ainda nesse grupo etário, os maiores percentuais de abandono ocorreram a partir dos 16 anos: com 16,5% nessa idade, 19,9% aos 17 anos e 20,7% aos 18 anos. Ainda assim, o abandono escolar precoce continua presente nas idades correspondentes ao ensino fundamental: 6,5% haviam deixado a escola até os 13 anos e 6,8% aos 14 anos.

O abandono precoce até os 13 anos de idade foi mais elevado no Nordeste (7,8%) e no Norte (6,1%), mas o Sul (5,9%) também apresentou percentuais relevantes.

O percentual de abandono antes dos 14 anos (13,3% no total) indica desistência durante o ensino fundamental, etapa que deveria estar universalizada. Mas o grande marco da transição escolar continua sendo a idade de 15 anos, quando o percentual de abandono escolar alcança 12,6%, quase o dobro da taxa aos 14 anos (6,8%).

Entre os homens de 14 a 29 anos de idade que abandonaram ou nunca frequentaram a escola, o principal motivo declarado foi a necessidade de trabalhar (53,6%). Em seguida, aparecem não ter interesse em estudar (26,9%) e problemas de saúde permanente (4,2%). Entre as mulheres, o motivo mais citado foi a necessidade de trabalhar (25,1%). Em seguida, vinham a gravidez (23,4%) e a falta de interesse (22,5%). 

Mais uma vez, o caráter intersetorial da Busca Ativa Escolar oferece para os governos estaduais e municipais fluxos estruturados para o atendimento desses adolescentes e jovens fora da escola, independente se o motivo for necessidade de trabalhar, desinteresse pelos estudos ou gravidez na adolescência. É mais facilidade e efetividade para o gestor público e mais proteção e garantia de direitos para os meninos e meninas.

Com informações do IBGE e Agência Brasil.
Foto: Marcelo Seabra/Agência Pará