No Brasil, 1,17 milhão de meninas e meninos tiveram os estudos interrompidos por eventos climáticos em 2024

Por Comunicação da BAE, com informações do UNICEF

24.01.2025 | Atualizado: 28.01.2025
No Brasil, 1,17 milhão de meninas e meninos tiveram os estudos interrompidos por eventos climáticos em 2024

No Brasil, pelo menos 1,17 milhão de meninas e meninos tiveram os estudos interrompidos em 2024 por eventos climáticos, em especial enchentes e seca, de acordo com um novo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), divulgado nessa sexta-feira (24). Ao todo, pelo menos 242 milhões de estudantes em 85 países tiveram a sua vida escolar impactada por eventos climáticos extremos em 2024, incluindo ondas de calor, ciclones tropicais, tempestades, inundações e secas, exacerbando a crise de aprendizagem já existente.

“As crianças são mais vulneráveis ​​aos impactos das crises relacionadas com o clima, incluindo ondas de calor, tempestades, secas e inundações mais fortes e mais frequentes”, afirmou a Diretora Executiva do UNICEF, Catherine Russell. “Os corpos das crianças são particularmente vulneráveis. Eles aquecem mais rápido, suam com menos eficiência e esfriam mais lentamente que os dos adultos. As crianças não conseguem concentrar-se em salas de aula que não oferecem proteção contra o calor sufocante e não conseguem chegar à escola se o caminho estiver inundado ou se as escolas forem destruídas. No ano passado, o mau tempo manteve um em cada sete estudantes fora das aulas, ameaçando a sua saúde e segurança e impactando a sua educação a longo prazo”.

Pela primeira vez, o estudo Learning Interrupted: Global Snapshot of Climate-Related School Disruptions in 2024 – lançado no Dia Internacional da Educação – examina os eventos climáticos que resultaram no fechamento de escolas ou na interrupção significativa dos horários escolares, e o subsequente impacto nas crianças da Educação Infantil ao Ensino Médio.

O levantamento considerou dois contextos no Brasil: as enchentes no Rio Grande do Sul (RS), que afetaram mais de 2 mil escolas da rede estadual de Educação, deixando 741 mil estudantes sem acesso às aulas no período; e a seca na região amazônica, que fez com que 436 mil estudantes de cerca de 1.700 escolas – incluindo mais de 100 localizadas em áreas indígenas – ficassem sem atividades por tempo prolongado.

Como mitigar os impactos na Educação de crises climáticas
Em dezembro do ano passado, o UNICEF lançou em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e com apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), a segunda edição do guia Busca Ativa Escolar em Crises e Emergências

A publicação foi feita inicialmente em 2020, no contexto da pandemia de Covid-19. Agora, tendo em vista as emergências climáticas que estamos enfrentando, o guia apresenta orientações e dicas para os gestores públicos mitigarem os impactos na Educação de crises climáticas, sanitárias e sociais, assegurando os direitos integrais de crianças e de adolescentes e, principalmente, o direito inalienável à educação, em qualquer contexto.

A metodologia da estratégia Busca Ativa Escolar (BAE) foi revisitada e adaptada para esses contextos, apoiando municípios e estados no planejamento de ações imediatas e a médio e longo prazos para garantir o acolhimento e a continuidade do vínculo dos (as) alunos (as) com a escola e de forma com que a Educação esteja cada vez mais articulada com a rede de proteção. 

Além do guia, também foi disponibilizado um conjunto de materiais digitais que podem ser utilizados em ações de mobilização junto à comunidade escolar para fortalecer a presença da Educação nas situações emergenciais.

Você pode baixar o guia e os demais materiais aqui

Por que baixar o guia agora?
O aumento das temperaturas, as tempestades, as inundações e outros perigos climáticos podem danificar as infraestruturas e os materiais escolares, dificultar o trajeto para a escola, levar a condições de aprendizagem inseguras e afetar a concentração, a memória e a saúde física e mental dos alunos.

Em contextos frágeis, o fechamento prolongado das escolas torna menos provável o retorno dos alunos à sala de aula e coloca-os em maior risco de casamento infantil e trabalho infantil. Os dados mostram que as meninas são muitas vezes afetadas de forma desproporcional, enfrentando riscos maiores de abandono escolar e de violência baseada em gênero durante e após catástrofes.

O guia ajudará os gestores públicos a lidarem com os desafios climáticos, implementando rapidamente medidas que garantirão o retorno dos (as) estudantes às salas de aula e a volta da normalidade, numa perspectiva de fortalecimento da atuação da rede de proteção.

Busca Ativa Escolar
A BAE é uma estratégia composta por uma metodologia social e uma ferramenta tecnológica, disponibilizadas gratuitamente para estados e municípios, com a missão de apoiar os governos na identificação, registro, controle e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão. Por meio da iniciativa, municípios e estados têm dados concretos que possibilitam planejar, desenvolver e implementar políticas públicas que contribuam para a garantia de direitos de meninas e meninos.

A estratégia foi desenvolvida pelo UNICEF em parceria com a Undime e com apoio do Congemas e do Conasems.


Com informações da comunicação do UNICEF.
Foto: UNICEF/UNI705224/Piojo