Volta às aulas: a importância estratégica da busca ativa escolar

Por Fundação Telefônica Vivo

18.02.2022 | Atualizado: 18.02.2022
Volta às aulas: a importância estratégica da busca ativa escolar

Entenda como a busca ativa escolar pode ajudar a reunir dados sobre quem são, onde estão e quais são as necessidades dos estudantes que abandonaram a escola

 

O período de volta às aulas não será o mesmo para todos os estudantes. Durante a pandemia, cerca de 5 milhões de crianças e jovens foram privados do direito à educação. Uma das prioridades para reverter este cenário, segundo especialistas, é conduzir ações de busca ativa escolar em 2022.

“Na prática, isso significa ir atrás de cada criança e adolescente que não conseguiu se manter aprendendo. Inclusive àqueles que já estavam fora da escola antes da pandemia”, explica Júlia Ribeiro, Oficial do Programa de Educação do UNICEF no Brasil.

Em outras palavras, o objetivo é reunir dados sobre quem são, onde estão e quais são as necessidades dos estudantes que abandonaram a escola. Dessa forma, cada rede de ensino terá condições de adaptar soluções que façam sentido para o território.

Sendo assim, o primeiro passo é reconhecer quais são as causas que levam a uma possível evasão escolar. Após fazer essa avaliação diagnóstica, as instituições podem propor ações conjuntas com setores integrados, como unidades de saúde e centros de assistência social.

“Afinal, a escola ocupa papel central na rede de proteção de crianças e adolescentes. Para além da aprendizagem, as instituições são responsáveis por oferecer apoio psicossocial, reconhecer e denunciar casos de violência”, complementa Júlia, que também é especialista em Equidade, Qualidade e Liderança pela Escola.

 

Entendendo os indicadores

O combate à evasão escolar avançava no Brasil antes da pandemia. De acordo com estudo feito pelo UNICEF, em parceria com o CENPEC Educação, o percentual de meninas e meninos de 4 a 17 anos fora da escola caiu de 3,9% para 2,7% no período entre 2016 e 2019.

Por outro lado, o cenário de exclusão escolar reforçava as desigualdades sociais. Mais de 90% dos estudantes que estavam fora da escola viviam em famílias com renda per capita de até 1 salário mínimo. Sob o mesmo ponto de vista, jovens negros, pardos e indígenas representavam em torno de 70% desse total.

“O processo que leva ao abandono é carregado de outras marcas sociais. Por isso, só trazer o estudante de volta para a escola não garante que ele permanecerá nela”, argumenta Luiz Miguel Garcia, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

Ainda segundo dados do levantamento, 13,9% da população entre os 6 e 17 anos estava fora da escola em 2020. Esse número corresponde aos mesmos indicadores de duas décadas atrás.

“Nesse sentido, a busca ativa escolar se torna estratégica para frear o retrocesso da educação nos próximos anos. Isso acontece porque ela leva em consideração a individualidade no coletivo”, complementa Luiz Miguel Garcia.

                                       


Busca Ativa Escolar: um trabalho colaborativo

O UNICEF e a Undime criaram o programa Busca Ativa Escolar para favorecer um regime de colaboração. Trata-se de uma metodologia social combinada a uma ferramenta tecnológica. Ambas estão disponíveis gratuitamente para estados e municípios.

Assim, representantes de diferentes áreas podem coletar, reunir e analisar dados sobre as crianças e jovens em risco de evasão escolar. Isso é feito por meio de uma plataforma digital, que pode ser acessada a partir de qualquer dispositivo eletrônico.

Dessa forma, é possível planejar e implementar políticas públicas que respondam às necessidades do território.

“A equidade é sobre adotar estratégias diferenciadas para garantir direitos iguais a todos. Fazer a busca ativa de maneira integrada permite que os jovens possam ser livres para fazer as próprias escolhas”, complementa Luiz Miguel Garcia.

Como resultado desse esforço colaborativo, cerca de 3 mil municípios e 20 estados brasileiros já aderiram ao processo. Desde 2016, quando a iniciativa foi lançada, mais de 80 mil crianças e adolescentes foram rematriculados em todo o país.

“A educação contribui para a garantia de todos os demais direitos. De modo geral, a ideia do programa Busca Ativa Escolar é contribuir para que a escola siga sendo um espaço de acolhimento, possibilidades de desenvolvimento e de novos projetos de vida”, finaliza Júlia Ribeiro.

Fonte: Fundação Telefônica Vivo