Para cada criança rematriculada, um girassol

Em Vigia, no Pará, a equipe de Busca Ativa Escolar foi de porta em porta durante a pandemia para encontrar 82 crianças e adolescentes fora da escola

E a missão começou. A pé, de bicicleta, moto ou carro, diretores e professores de todas as escolas do campo e da cidade foram às ruas. Usando máscaras e tomando os cuidados necessários para a prevenção da Covid-19, bateram de porta em porta para encontrar meninas e meninos que já estavam fora da escola antes da pandemia ou aqueles que estavam matriculados, mas com dificuldades de se manter aprendendo em casa.

Em uma dessas portas, encontraram Ágata Melo, de 8 anos. A menina sorridente sempre gostou de estudar, mas havia deixado a escola quando a mãe precisou se mudar para outra cidade por um problema de família. “Ela sempre me cobrou porque as crianças iam para o colégio e ela não ia”, lembra a mãe, Claudenice Cardoso. Por conta do período fora da escola, Ágata já estava com um ano de atraso escolar. Mas sua história estava prestes a mudar.

A visita da equipe da Busca Ativa Escolar trouxe um novo horizonte: Ágata foi rematriculada no 1º ano do ensino fundamental. Por conta da pandemia, a menina passou a ter acesso a aulas remotas em casa e a fazer o que mais gosta: aprender. “Está sendo fácil e difícil, porque às vezes, quando estou escrevendo, esqueço um pouquinho das coisas que a professora me passa”, conta ela. Mas as dúvidas são sanadas quando, todas as semanas, ela recebe a professora em casa, levando também as novas atividades. “Às vezes ela fica um pouquinho, muito, e depois vai embora”, conta Ágata.

A visita da educadora faz parte das ações organizadas pelo município. Além de disponibilizar atividades impressas para que as famílias retirem nas escolas, há um trabalho ativo de entregá-las. Semanalmente, os professores saem para levar os materiais aos estudantes, visitam as famílias para tirar dúvidas, ouvir questionamentos e ajudar nas tarefas. Muitos alunos não têm acesso a dispositivos móveis, como um celular próprio ou computador, e outros não têm acesso à internet.

“Por isso, colocamos o grupo na rua para sanar as dificuldades dos alunos”, explica o professor de história Renato Rodrigues, que todas as semanas se prepara para a missão, veste a sua camiseta de proteção solar e se une aos professores que vão deixar as tarefas nas casas de seus alunos. “[Durante a pandemia] a Busca Ativa se tornou muito mais presente; se tornou periódica para encontrar os alunos que não estão acessando as atividades”, completa.

Diante da alegria da filha, e do empenho dos educadores, a mãe comemora. “A Ágata é uma criança carismática, gosta de fazer tudo, andar de bicicleta, ir para o colégio. Até chora quando não tem aula! As professoras falam super bem dela, que é muito estudiosa, inteligente, tem bastante vontade de aprender”, diz ela, orgulhosa.

Plantando ações, colhendo resultados

Ao ser rematriculada, Ágata deu nome a um novo girassol plantado em Vigia. Assim como ela, desde o início da pandemia, outras 81 crianças e adolescentes do município já foram encontrados pela equipe de Busca Ativa Escolar e rematriculados, em um esforço conjunto de professores, coordenadores pedagógicos, diretores e gestores.

Para cada criança encontrada e que continua na escola, um girassol é plantado na frente da Secretaria de Educação. “Isso significa o direito da criança, e, para nós, esse simbolismo é cada girassol, que vai crescendo, se desenvolvendo. É como a nossa criança, que vai construindo a sua própria história”, emociona-se Marcia.

Obrigadaço

Neste Dia do Professor, o UNICEF agradece a todas e todos aqueles profissionais que dedicaram seu tempo, habilidades e conhecimentos e tiveram que se reinventar para continuar com a educação. Por isso, o UNICEF convida todos os estudantes a que postem uma imagem ou vídeo em suas redes sociais com a hashtag #Obrigadaço, agradecendo a um professor ou professora que fez a diferença em sua trajetória escolar durante a pandemia de Covid-19. Participe!

Sobre a Busca Ativa Escolar

A Busca Ativa Escolar é uma estratégia que colabora com municípios e estados para enfrentar a exclusão escolar, desenvolvida pelo UNICEF e pela Undime, com o apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). A intenção é apoiar os governos na identificação, registro, controle e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão. Por meio da Busca Ativa Escolar, municípios e estados terão dados concretos que possibilitarão planejar, desenvolver e implementar políticas públicas que contribuam para a inclusão escolar.

Fonte: UNICEF
https://uni.cf/2QPY29F