Mais de 1.200 crianças e adolescentes da Venezuela recebem apoio para matrícula escolar em Roraima

Por UNICEF

03.03.2023 | Atualizado: 03.03.2023
Mais de 1.200 crianças e adolescentes da Venezuela recebem apoio para matrícula escolar em Roraima

Mutirão apoiou famílias no processo de pré-matrícula de crianças e adolescentes em abrigos e ocupações espontâneas de Boa Vista. Ação segue agora na cidade de Pacaraima.

Boa Vista, 2 de março de 2023 – A educação é um direito de toda criança, todo adolescente, não importa de onde ele venha ou tenha nascido. Para auxiliar famílias refugiadas e migrantes que vivem em Roraima a ingressar no ensino formal brasileiro, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em parceria com o Instituto Pirilampos e AVSI Brasil, e em coordenação com a rede pública de ensino, promoveu um mutirão que resultou, até o momento, em 1.244 crianças e adolescentes da Venezuela apoiados com o processo de matrícula para as escolas municipais e estaduais da cidade.

O mutirão integra a campanha “Fora da Escola Não Pode”, promovida em janeiro em todos os abrigos humanitários para refugiados e migrantes em Boa Vista, no Posto de Recepção e Apoio (PRA) e em ocupações espontâneas, com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), da Agência da ONU para as Migrações (OIM), da Força-Tarefa Logística Humanitária da Operação Acolhida e do Subcomitê Federal de Acolhimento e Interiorização.

Entre as crianças e adolescentes, 655 foram apoiados nos abrigos da Operação Acolhida em Boa Vista. Destes, 252 ainda aguardam a vaga e têm os processos acompanhados pelas equipes.

A campanha ocorre agora na cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.

“Crianças e adolescentes refugiados e migrantes, assim como suas famílias, enfrentam muitos desafios para conseguir estudar e se manter na escola – o primeiro deles é o processo de matrícula. O nosso apoio é para, junto com os parceiros, remover essas barreiras de forma a garantir que o direito à educação seja assegurado a todos os meninos e meninas, não importa de onde venham”, afirma a chefe do Escritório do UNICEF em Roraima, Maria Estela Caparelli.

Desde dezembro, as equipes do mutirão têm distribuído conteúdo informativo e organizado sessões informativas para as famílias. Na ação ocorrida nos abrigos, as equipes realizaram o processo de pré-matrícula em escolas municipais e estaduais por meio de ligação telefônica e posterior encaminhamento ao exame de classificação, além de assegurar, no próprio local, uma sessão de fotos 3x4 para as crianças e os adolescentes que não as possuem.

De origem indígena warao, Zuleima Cabello saiu da Venezuela há dois anos com os três filhos: Abnelys, 10 anos, Willianny, 6, e Rodrigo, 2. Agora grávida de cinco meses, a mãe se emociona por ter conseguido matricular as duas filhas mais velhas na escola – o pequeno Rodrigo aguarda uma vaga na creche. “Foi um longo processo para matricular Abnelys na escola porque ela nunca tinha estudado na Venezuela. Mas agora ela vai começar”, conta Zuleima. “Eu nunca estudei, então me sinto muito feliz com meus filhos realizando esse sonho por mim”, afirma a mãe.

O Instituto Pirilampos esteve em campo durante toda a campanha para assegurar que todos os meninos e meninas da Venezuela não fiquem para trás no acesso à Educação. “Nosso papel foi facilitar o acesso dessas famílias à informação e prover o apoio direto de que precisam em relação aos documentos e processos necessários para garantir o direito de seus filhos, que é estar dentro da escola”, afirma a presidente do Instituto, Mariann Mesquita.

O mutirão nos abrigos integra a estratégia de Busca Ativa Escolar (veja mais abaixo) e foi realizado no âmbito do projeto Súper Panas, espaços que oferecem atividades de educação não formal e de apoio psicossocial para crianças e adolescentes refugiados e migrantes da Venezuela, mantidos por meio do apoio do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária da União Europeia (Echo, na sigla em inglês) e do Escritório para População, Refugiados e Migração do Departamento de Estado dos Estados Unidos (PRM, na sigla em inglês).

Em coordenação com a rede pública de educação, o UNICEF e parceiros continuarão acompanhando os casos atendidos, de forma a garantir que as famílias consigam concluir a matrícula e assegurar que essas crianças e esses adolescentes estejam na escola.

Sobre a Busca Ativa Escolar

Presente em mais de 3 mil municípios e 20 estados do País, a Busca Ativa Escolar é uma estratégia que colabora com governos municipais e estaduais para enfrentar a exclusão escolar. Foi desenvolvida pelo UNICEF e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com o apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). O objetivo é apoiar os governos na identificação, registro, controle e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão, para que cada menina, cada menino possa recuperar a aprendizagem e ter uma trajetória de sucesso escolar. Saiba mais em: buscaativaescolar.org.br


Fonte: UNICEF

Foto: Amanda Panarini